domingo, 20 de setembro de 2009

RN É DESTAQUE NAS OLIMPÍADAS ESCOLARES

Camilo Torquato - Especial para a Tribuna do Norte
A equipe escolar de atletismo do Rio Grande do Norte foi o grande destaque do estado nas Olimpíadas Escolares 2009 - categoria 12 a 14 anos – que vêem sendo disputadas desde o último dia 10 na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais. As provas de atletismo foram realizadas na Pista Municipal de Poços, de 11 a 13 deste mês.

DivulgaçãoTreinadores do RN festejaram em Minas e enalteceram o trabalho de Magnólia FigueiredoFormada por um total de 21atletas, dentre meninos e meninas de Natal, Currais Novos, Touros e Cerro-Corá, além de três treinadores, a equipe de atletismo encerrou a sua participação nos jogos com um saldo de cinco medalhas ganhas e três vagas garantidas na seleção brasileira que irá disputar os Jogos Escolares Sul-Americanos de 2009 – de 12 a 14 anos - a serem realizados em novembro, no Equador.A primeira conquista da modalidade não poderia ter sido melhor.
Correndo os 1.000m rasos feminino, a atleta Karol Nascimento, 13 anos, mostrou grande resistência ao vencer a prova com o tempo de 3min13seg, deixando a prata e o bronze com as competidoras de São Paulo e Pernambuco, respectivamente. Com o resultado, a atleta não só subiu ao ponto mais alto do pódio, como também assegurou a sua vaga rumo ao Equador.A segunda medalha da equipe potiguar foi bem mais “suada”.
Na disputa dos 1.000m rasos masculino, o atleta Geovane Lopes, 13 anos, chamou a atenção do público após liderar a prova quase que em sua totalidade, sendo ultrapassado há poucos metros do fim pelos competidores de Minas Gerais e Piauí – cruzando a linha de chegada emparelhado com o competidor do Mato Grosso, Edson Chaves.
A equipe potiguar chegou a comemorar a terceira colocação, mas a alegria durou pouco. O anúncio oficial da prova decretou o terceiro lugar ao atleta mato-grossense, com o tempo de 2min54s11 – deixando o potiguar na quarta colocação, com um milésimo de diferença (2min54s12).
Insatisfeita com o resultado, a delegação norte-rio-grandense apelou da decisão e solicitou à Comissão Julgadora a revisão do resultado - alegando que Geovane havia chegado visivelmente à frente de seu adversário. Após nova análise das imagens que registram o exato momento em que os atletas cruzam a linha de chegada, a Comissão entendeu que ambos os competidores chegaram lado a lado, decidindo então pelo empate técnico entre os dois.
Feita a devida retificação do resultado e do seu tempo (2min54s11), Geovane Lopes pôde, enfim, ostentar a segunda medalha potiguar do atletismo nos jogos. Se nas provas de resistência a equipe potiguar fez bonito, nas “combinadas” não foi diferente.
Participando do Hexatlo, Felipe Matheus da Silva, 13 anos, chegou ao final da disputa das seis provas - 80m com Barreiras, Salto em Altura, Arremesso de Peso, Salto em Distância, Lançamento de Dardo e 800m rasos – com o total de 3.792 pontos, o que lhe garantiu a conquista do segundo lugar. Com o resultado, o atleta levou a medalha de prata e também a vaga para os jogos sul-americanos.
O primeiro lugar ficou com o competidor da equipe de São Paulo (3.996 pontos).Felipe Silva ao lado dos atletas Daniel Morais, 14 anos, Akailson Silva, 14 anos e Túlio Pinheiro, 14 anos, fez parte da equipe que brilhou ao conquistar a prata no revezamento 4x75m masculino – com a marca de 35s96.Para encerrar com “chave de ouro” a participação na modalidade, o atleta Túlio Pinheiro, que já havia conquistado a prata no revezamento, coroou a sua passagem pelos jogos ao conquistar com facilidade a prova do salto em distância.
Com o excelente salto de 6m11, Túlio levou o ouro e se tornou o terceiro atleta potiguar a conquistar a vaga para os jogos escolares sul-americanos de 12 a 14 anos.Treinadores comemoram o desempenhoA participação da equipe de atletismo nas Olimpíadas Escolares 2009 (Etapa 12 a 14 anos) resultou na conquista de cinco medalhas e três vagas para os Jogos Escolares Sul-Americanos.
O resultado deste ano passa a representar a melhor campanha de uma equipe potiguar de atletismo na competição. De acordo com a professora de educação física Maria Lúcia de Araújo, 45, que já esteve presente em todas as cinco edições das Olimpíadas, este foi o ano com o maior número de medalhas para a modalidade. “Foi uma participação de sucesso.
A melhor de todas. No ano passado saímos da competição sem nenhuma medalha, este ano levamos cinco e colocamos três atletas na seleção brasileira que irá disputar os jogos escolares sul-americanos”. Afirmou Lúcia, treinadora dos atletas de Currais Novos que integraram a seleção do estado.
Para o treinador da escola Junqueira Ayres, William Barbosa, 39, o resultado nos jogos é a coroação de um trabalho que vem sendo realizado há mais de um ano - por parte dos atletas de Touros – e representa a capacidade de superação destes jovens atletas.Responsável por Cerro-Corá, o treinador Edílson Oliveira, 44, destacou a importância das conquistas.
“Competir de igual para igual com adversários de tradição, credencia o nosso estado a se consolidar como uma potencia no atletismo também”, disse.Resultados contrastam com realidadeO êxito obtido pela equipe potiguar de atletismo nas Olimpíadas Escolares 2009 (Etapa 12 a 14 anos) comprova que o estado possui enorme potencial para a formação de futuros atletas, mas as dificuldades ocultas por trás dos resultados revelam a realidade de um esporte que ainda sofre com a carência de apoio e credibilidade.
Se por um lado sobram novos talentos, por outro faltam recursos materiais e financeiros.Integrante do projeto “Iniciação ao Atletismo”, realizado com o apoio da Prefeitura de Currais Novos e que tem por objetivo a formação de jovens atletas, a treinadora Lúcia de Araújo acredita que há muito que ser feito pela modalidade, mas que os primeiros passos começaram a ser dados com a chegada de Magnólia Figueiredo frente à Secretaria de Esporte e Lazer – SEEL. “A falta de apoio das autoridades sempre foi a maior carência do atletismo potiguar. Agora que temos a Magnólia como secretária de estado, tenho a absoluta certeza de que o esporte receberá a merecida atenção.
Acredito nela, confio em seu trabalho. Sei que ela irá trazer benefícios para o atletismo”, afirmou com entusiasmo a professora.Mesmo sabendo que em seu município as condições de trabalho para a prática do atletismo não são as melhores, Lúcia reconhece que há cidades em que estas condições nem existem. “Sei que não dispomos da estrutura ideal, mas reconheço que temos o básico.
Em algumas cidades, como Cerro-Corá e Touros, nem isso eles tem. É tudo na base da força de vontade e do improviso”, concluiu a treinadora.
Desenvolvendo o atletismo de forma voluntária entre jovens carentes de Cerro-Corá, o professor Edílson Oliveira defende que a prática da modalidade no interior do estado deve ter o apoio imprescindível do poder público municipal. “Em Cerro-Corá, por exemplo, além de não termos os equipamentos, não dispomos também de local adequado para treinamento. Fazemos isso em uma estrada.
Carecemos de espaço físico e logístico”, lamentou o treinador que disse cobrar das autoridades o mínimo possível de condições para a prática do esporte em sua cidade. “Espero que as pessoas acreditem mais no trabalho que a gente faz. Não tenho dúvidas de havendo um empenho maior da sociedade, principalmente do poder público, a tendência é que o esporte cresça, não só em Cerro-Corá, como nos demais municípios do estado - lembrando ainda que a entrada de Magnólia na secretaria (Seel) já deu uma luz muito grande ao atletismo do interior”, completou.
A realidade da prática do atletismo no município de Touros não é muito diferente. As condições inexistem.
O trabalho também é à base do improviso e do amor ao esporte. Durante as Olimpíadas Escolares, alguns dos atletas da cidade competiram com os pés descalços, tamanha é a falta de estrutura e apoio aos jovens. “É incrível a falta de apoio e até mesmo o preconceito que enfrentamos quando chegamos a algumas competições.
Muitas vezes as dificuldades começam até antes do que a gente espera. Começa com a própria família de alguns atletas. Tem pais que não conseguem enxergar que o atletismo pode render vários frutos aos seus filhos. É um meio de inclusão social.
Em nosso programa, não formamos apenas atletas, formamos cidadãos”, afirmou emocionado o treinador Barbosa, que a exemplo dos demais também fez questão de agradecer o incentivo dado pela secretária de esporte do estado.
“A ‘Guerreira’ não se cansa de lutar em prol da modalidade e apoiar o seu desporto”, concluiu.
Se a prática do atletismo no estado possui em comum a falta de apoio e condições adequadas para o seu desenvolvimento, em comum também é a paixão de todos os seus nobres treinadores pela modalidade e a certeza de que, com a presença de Magnólia Figueiredo como secretária de esporte – o atletismo potiguar enfrentará as barreiras, lançará a sua sorte e dará um grande salto em qualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário