Comemora-se hoje, 17 de Junho, o Dia Mundial de Luta contra a Desertificação e a Seca, data proclamada pela Assembleia-Geral da ONU em 1994. Neste mesmo dia e ano foi aprovada a Convenção sobre a Luta contra a Desertificação.
Enquanto isso, o dia torna-se num momento oportuno para a sensibilização da opinião pública sobre a necessidade de promover a cooperação internacional no combate à desertificação e aos efeitos da seca.
A discussão sobre o conceito de desertificação se desenvolveu mais acentuadamente ao longo dos anos 80 e se consolidou no documento “Agenda 21”, discutido e aprovado durante a Conferência do Rio, em 1992.
No capítulo 12 da Agenda 21, onde trata sobre a luta contra a desertificação e a seca, está definido desertificação como sendo “a degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas, resultante de vários factores, entre eles as variações climáticas e as actividades humanas”, sendo que, por “degradação da terra”, se entende a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e a redução da qualidade de vida das populações afectadas.
As principais causas da desertificação estão associadas ao uso inadequado do solo e da água, especialmente em actividades agropecuárias, na mineração, na irrigação mal planificada e no desmatamento indiscriminado.
Quando se fala em deserto, logo se pensa no vazio de vegetação e na ausência do verde. Mas as monoculturas (verdes), sem dúvida, são as principais causadoras de desertificação.
Não é por acaso que surgiu a expressão “desertos verdes”, que se refere à silvicultura, o monocultivo de plantas exóticas, isto é, árvores não nativas, como eucalipto, pinos, acácia e outros.
Entende-se que reflorestamento é repor a floresta em espécies nativas. Enquanto que silvicultura são as actividades de povoamentos florestais para satisfazer as necessidades de mercado, e geralmente com árvores exóticas.
Como consequências da desertificação ocorrem o abandono das terras por parte das populações mais pobres, surgindo migrações forçadas, causando o aumento da população das grandes cidades, o que também provoca mais desemprego, pobreza, exclusão, marginalidade, poluição e outros problemas sócio-ambientais urbanos.
E as famílias que, mesmo com a desertificação, permanecem nos seus locais de origem, sofrem diminuição na qualidade e na expectativa de vida e o aumento da mortalidade infantil.
A desertificação também causa a desestruturação das famílias, pois a queda na produção agrícola provoca a diminuição da renda e do consumo das populações locais.
Também ocorre a desorganização dos mercados regionais e nacionais, o enfraquecimento do Estado e a instabilidade política. Nos dias de hoje, quase um milhão e meio de pessoas no mundo sofrem directamente com a desertificação, sendo colocadas em situações de risco.
Neste Dia Mundial de Luta contra a Desertificação e a Seca, precisa-se renovar o compromisso de lutar colectivamente contra os factores da desertificação, cientes de que esta luta também resulta na prevenção de muitos outros problemas.
Como a própria natureza ensina, é preciso cortar a raiz da desertificação, para não ter que engolir seus frutos amargos. E para isto é preciso repensar as actividades humanas e agir para que estas ocorram em sintonia com a natureza e sejam desenvolvidas com sustentabilidade.
As estatísticas apontam que 24 biliões de toneladas de terras férteis desaparecem todos os anos devido à desertificação. Isto quer dizer que a cada 20 anos a Terra perde o equivalente a toda a área de terras cultivadas nos Estados Unidos.
A desertificação ameaça entre 30% a 40% das terras férteis do mundo, além disso, mais de um bilhão de pessoas vivem nestas regiões, das quais dois terços estão localizados na Ásia e na África. Dentro de 25 anos, esta cifra tende a atingir 2 biliões!
Para sensibilizar a opinião pública sobre este fenómeno e motivá-la a reagir contra isto, a UNESCO coloca à disposição de professores de ensino básico e de estudantes entre 10 e 12 anos um kit pedagógico sobre a desertificação.
Neste kit encontra-se a documentação temática muito completa sobre as causas, consequências e perigos do fenómeno da desertificação, assim como informação abundante sobre os ecossistemas das terras áridas.
Também estão incluídas as diferentes soluções possíveis para combater à desertificação e casos concretos de experiências bem sucedidas ocorridas em doze países.
Pesquisas científicas efectuadas desde 2004 indicam que uma média de 250 milhões de indivíduos foram afectados directamente pelos fenómenos de desertificação e quase 20 porcento da população mundial vive em zonas de risco de desertificação de chuvas torrenciais.
Angola, por exemplo, está bastante preocupada com o agravamento das inundações, que assolaram o ano transacto algumas províncias, principalmente a do Cunene, com o desalojamento de centenas de pessoas, destruição de casas e lavras.
Fonte: Agencia Angola Press
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